A minha Helena
Retirado do site: http://dialetica.org/proximoscapitulos/tag/regina-duarte/Marmota 11.05.09 08:43
Em Viver a Vida, novela que tentará dar um toque de realidade ao horário das oito/nove após a verossímil Caminho das Índias, a atriz Taís Araújo irá subverter um histórico que parecia irreversível. Em 1952, Manoel Carlos teve contato pela primeira vez com o nome feminino mais forte, segundo sua concepção, ao adaptar o clássico de Machado de Assis. E desde Baila Comigo, em 1981, todas as histórias familiares do autor giram em torno de uma Helena.
Maneco nunca namorou ou se casou com uma Helena. Nenhuma de suas duas filhas ou três netas chama-se Helena. O gosto pelo nome veio da Helena de Tróia. A que se casou com Menelau mas fugiu com o rei Páris, culminando com uma guerra de sete anos; Páris morreu e Helena se envolveu com um cunhado; ela o entregou a Menelau, voltou a ficar com ele e viveu ao seu lado até o fim. A Helena de Tróia é como a de Manoel Carlos: comete erros e é até capaz de mentir, mas se levanta e vai até o fim em qualquer batalha, sem temer. Imperfeições que a tornam humanas.
Em Baila Comigo, Helena (Lílian Lemmertz) não contou ao filho Tony Ramos que ele tinha um irmão gêmeo, nem quem era o verdadeiro pai. O mesmo Tony que sequer desconfiava de Helena (Maitê Proença), grávida de seu personagem em Felicidade - e não do marido Herson Capri. Novamente, Tony Ramos vê sua esposa Helena (Christiane Torloni) questionar o casamento, especialmente após o reencontro com o “pegador” Zé Mayer em Mulheres Apaixonadas. Vera Fisher, a Helena de Laços de Família, entrega a filha Carolina Dieckman ao romance com o ex-namorado bonitão Gianechini, mas só diz a ela que seu pai é o “pegador” Zé Mayer quando precisa encontrar um doador de medula.
Mas a Helena de Manoel Carlos tem a cara de Regina Duarte, que a interpretou três vezes. Em História de Amor, a filha adolescente Carla Marins (que ficou grávida) era, na verdade, sua sobrinha! Ela voltou a enganar (e ficar com o “pegador” Zé Mayer) em Páginas da Vida, ao adulterar documentos para adotar uma criança com síndrome de down e livrá-la das garras da Lília Cabral. Mas a grande trapaça de Helena foi em Por Amor, quando trocou seu filho vivo pelo de sua filha, que havia morrido! Eu tenho medo de Regina Duarte.
E onde reside a tal subversão? Até agora, Helena sempre foi uma mulher madura, na faixa dos 40 ou 50 anos. Idade suficiente para acumular tantas experiências e dilemas provocados pelo amor. Desta vez, a Helena será uma jovem negra, linda, ex-modelo, fotógrafa, casada com um homem mais velho (adivinhem quem? Zé Mayer “pegador”, lógico!). Será uma mudança interessante, ainda que Taís Araújo permaneça questionando “o que estão fazendo com o nosso Leblon” enquanto toma café com a família.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
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